28 de abr. de 2009

Quero Colo!

Não é fácil admitir, mas, convenhamos, adultos também precisam – e muito – de colo. Dizem que as mães são todas iguais e sempre consideram os filhos como crianças. Por outro lado, há algo nos filhos que não muda: mesmo muito longe da infância, aos 20, 40, 60 anos, estamos sempre querendo provar do calor de estar nos braços de alguém que simplesmente nos aceite. Se junto com essa maravilha tiver um cafuné, então é o céu...
A razão dessa busca é tão antiga quanto nosso código genético. Nesse gesto recuperamos o contato com o que há de mais humano – afinal, antes de nascer, todos ficamos meses na posição fetal, nossa primeira referência de proteção. “A qualidade do colo que a criança recebe, especialmente até o primeiro ano de vida, vai determinar toda sua estrutura e seu desenvolvimento. Nosso contorno físico e emocional é criado desse gesto, que molda nossa capacidade de dar e receber proteção, intimidade, conforto”, (afirma André Trindade, psicólogo)
Mesmo que muitos adultos neguem, estamos sempre reinventando maneiras de voltar àquele quentinho primordial. As crianças crescidas fazem isso. Na adolescência, andar em grupo é outro jeito de experimentar novas possibilidades de acolhimento. Mais tarde, quando o amor chega para valer, descobrimos o quanto o colo é mesmo coisa de pele. Não requer explicação, apenas proximidade.
Seja qual for a situação em que ocorra, arredondar os braços e rechear esse espaço com outro ser humano é das mais prazerosas emoções da intimidade. A trilha sonora perfeita para esse momento? O tum tum do coração do outro, próximo, audível, pulso ritmado que reafirma que uma vida está sintonizada com a outra. Assim, a respiração sossega, o coração se abre para que caibam ali os melhores sentimentos.
Colo é sopro que renova a alegria e cura do chororô sem motivo.
Colo nutre. Que o digam as milhares de mães que, em vez de encubadeiras, garantiram o desenvolvimento de seus filhos prematuros apenas colocando-os contra o peito, pele com pele: são as chamadas mães canguru. Várias maternidades particulares e públicas do Brasil adotam esse método, descoberto por médicos colombianos e que se provou eficiente pela simplicidade, por estreitar o vínculo entre a mãe e o bebê e pelo baixo custo – já que calor humano não tem preço e nem existe recurso tecnológico capaz de substituí-lo.
Dar colo para filhos, afilhados, sobrinhos é outra das artes deliciosas do aconchego. Mas repare que, às vezes, embora seja o adulto sustentando a criança, é ela que está dando colo, pois é impossível ficar imune ao sorriso infantil e ao calor da inocência. Não há estresse, pensamento negativo, ansiedade que resistam. E olhe que elas nem cobram por essa mágica!
Mas quem não tem anjos, mãe, pai, namorado, amigo de plantão pode ficar tranqüilo: esse efeito pode ser experimentado de maneiras simbólicas e não menos aconchegantes. “Fechar os olhos e imaginar uma linda paisagem, meditar ou fazer algo de que gosta muito são formas de dar colo válidas pela vida toda.
Então, vale o conselho: quando você estiver muito agitado, insatisfeito, triste, solitário, antes de sair falando demais, comprando demais, comendo demais e cometendo outros excessos, que vão causar arrependimento e mal-estar, pergunte se o que você precisa não é mesmo de colo. Se a resposta for sim... Vc já sabe!

(Texto: Liliane Oraggio)

"Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
(Cora Coralina)

Fiquem com Deus!

3 comentários:

Paty disse...

Fer que texto mais lindoooooooooooooo, aliás os trecho da Cora tbm é maravilhoso!!!! Quem não gosta de um aconchego né?? Eu amo de paixão rsrsrs e saiba que meu colo estará sempre aqui pra vc, minha linda, mesmo que às vezes virtualmente!!!
Te amo de monte!!!!!

Beijoooooooooooooo

Karina disse...

Este texto caiu na hora certa em que eu precisava de o ler :)
Obrigada, Fernanda!
bj!

Vida Preferida disse...

tataaaaaa.. sempre colocando palavras sabias em seu blog...
tudo muito lindo e verdadeiro...
repetindo palavras de paty.. quero que saiba que meu colo sempre mesmo que virtualmente estara aqui... apesar de morarmos tão pertinho.. nos vemos muito pouco...

beijOss amigaa amo muitoO